Especial Thrice

Símbolo do álbum "The Alchemy Index"


Não sei se isso acontece com vocês, mas quando conheço uma obra que mexe muito comigo, gosto de revisitá-la em diferentes momentos da vida. É assim com filme, música, livros, enfim, qualquer tipo de obra que seja fruto de um conceito bem trabalhado. O legal é que cada vez que a revisito, sempre acabo captando algo novo, geralmente somando com o que já tinha me tocado das outras vezes.
O que aconteceu com o disco em questão foi exatamente isso. Acompanhei, na época, os anúncios e entrevistas sobre o lançamento do álbum, e assim que eu soube do conceito dele, já pirei na ideia! E, como eu disse, conforme eu revisitava esse álbum ao longo dos anos, mais eu ia entrando na brisa dele, até chegar nesses últimos dias, quando passei a dar ainda mais atenção às letras das músicas e a olhá-las dentro do todo. E putz, sem palavras, Thrice já era de longe uma das minhas bandas favoritas (daquelas que não tem uma música sequer que você não goste ou ache mais ou menos), e mergulhando mais fundo nesse álbum, só pude constatar como esses cara são foda...

O conceito do disco é o seguinte: é um álbum quádruplo (sim, 4 CDs!) que se chama “The Alchemy Index”, algo como “O Índice da Alquimia”. Ele é dividido da seguinte maneira: cada CD é referente a um dos 4 elementos da natureza, então tem, nesta ordem: o disco do Fogo, da Água, Ar e Terra. “Tá, mas referente ao elemento em que sentido?” Resposta: em todos!
          Musicalmente, cada disco vai ter uma vibe, uma cadência e um estilo que meio que lembra o elemento. Então, por exemplo, o disco do fogo é bem pesado, guitarra cheia de distorção, uma voz meio suja, em certos momentos você pode sentir o som como uma queimação. Já no da água, há músicas que parece que você tá submerso, ou no meio do oceano, com sons mais relaxantes até. O do vento é realmente uma brisa, e por aí vai... Pra isso, a banda foi de um Post-Hardcore pesado e lento até um Blues, de um som de influência oriental até diversas formas de ritmos experimentais. E sempre com as letras acompanhando a pegada. É impressionante como a banda conseguiu passar as sensações dos elementos musicalmente, só que sem elementos mais “new age”, sem botar barulhos da natureza nem nada pra fazer essa relação. É ouvir o som e ter uma sensação que te lembra eles.
           Mas o conceito vai ainda mais fundo do que as sensações do musical. Cada CD tem 6 músicas, cujas letras tem temáticas que também lembram muito os respectivos elementos. E não só isso –  e agora vem o que mais me motivou a fazer esse especialzin – a letra da última música de cada CD é escrita no formato de um soneto inglês (ou shakespeariano, que significa um poema com estrutura de 3 quartetos e 1 dístico no final), sendo que o eu-lírico dessas letras é o próprio elemento em si! De primeiro momento, achei uma ideia bem foda, mas também nada assim de outro mundo. Mas a questão é que depois de ver o quão bem executado e o quão potente isso ficou, aí empolgou demais!
         Cada soneto tem um tom de lamento muito peculiar, e todos eles tem o próprio ser humano como interlocutor dos poemas. É como que uma mensagem pra humanidade sobre como nós utilizamos mal, no passado e no presente, o que a natureza nos provém. Os elementos, simbolizando as coisas que nos são dadas para suprir-nos, para estabelecermos uma relação de harmonia, lamentam o quão mal captamos a mensagem. Um reclame para a falta de humildade e de empatia da humanidade. Apesar de hoje isso parecer um tema bem batido, a forma como a banda fez isso foi pra mim extremamente profunda. Conseguiram colocar um tom de divindade nessas últimas letras, que te faz encarar aos elementos como muito mais que meras ferramentas naturais. Quero dizer: não é um mero “reclame ecológico”. Longe disso, assume uma profundidade da própria natureza do ser, e acaba por nos fazer refletir, antes de tudo, sobre nós mesmos.

         Dito isso, convido vocês a conhecerem um pouco desse álbum. Nesta página, colocarei os links das postagens, que serão separadas por CD. Vou procurar nem ir tão a fundo na letra em si, e sim tentar mais fazer alguns comentários mesmo. Em cada página, vou colocar 3 músicas, sendo que duas vou comentar, e uma só vou botar pra vocês ouvirem e sentirem mais o clima de cada um! Espero que possam desfrutar e, aos que gostarem, sugiro que procurem mais por essa banda! (Dicas de álbuns deles parecidos com esse são o “Vheissu” e o “Beggars”).

Aqui vão os links:

(EM BREVE)


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