8 de fev. de 2015

Broken Cross [Cruz Quebrada] - Architects

God only knows why we were born to burn

If God is my witness, he'll see that all is not well
Christ, what a sight for sore eyes
Looking down on us, all the children that you despise

God only knows why we were born to burn

A bullet in the neck doesn't feel much like love
A message of rejection sent from above
No flags, no holy books
I'll be in hell with the misunderstood

The sons and daughters that you wished to forget
A desperate picture of god's regret
Are we perfect mistakes? Or almighty fuck ups?
One thing's for sure, he doesn't fucking love us
He doesn't fucking love us

Hate must weigh on you like a broken cross
Hate; the dividing line we'll never step across

Outcast and reject

Father, father, how I've let you down
A fucking tyrant in a hollow crown

The sons and daughters that you wished to forget
A desperate picture of god's regret
Are we perfect mistakes? Or almighty fuck ups?
One thing's for sure, he doesn't fucking love us

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Só deus sabe por que nascemos pra queimar...

Se deus é minha testemunha, ele vai ver que nada está bem
Cristo, mas que visão para esses mutilados olhos!
Nos olhando de cima – todos os filhos que você despreza

Só deus sabe por que nascemos pra queimar...
Capa de "Lost Forever // Lost Together", Architects

Uma bala no pescoço não soa muito como amor
Uma mensagem de rejeição enviada lá de cima
Sem bandeiras, sem livros sagrados
Estarei no inferno com o mal captado

Os filhos e filhas que você ansiou esquecer,
Uma desesperada fotografia do arrependimento de deus
Somos erros perfeitos? Ou fracassos todo-porderosos?
Uma coisa é certa: ele não nos ama porra nenhuma! Blah!
Ele não nos ama porra nenhuma

O ódio deve pesar sobre ti como uma cruz quebrada
Ódio: a linha divisória que nunca passaremos

Excomungar e rejeitar!

Pai, ó pai, como te decepcionei!
Um maldito tirano numa coroa vazia

Os filhos e filhas que você ansiou esquecer
Uma fotografia desesperada do arrependimento de Deus
Somos erros perfeitos? Ou fracassos todo-porderosos?
Uma coisa é certa: ele não nos ama porra nenhuma!

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      Bom, geralmente eu não gosto muito das críticas que se faz à religiosidade ou a uma divindade quando associadas a problemas sociais ou materiais. Por exemplo, pensar assim "se deus é bom e justo, então por que tem gente passando fome, injustiças etc.?". Pra mim, isso é limitar o pensamento da ideia de divindade às propriedades humanas. Tem gente passando fome porque o homem organizou a sociedade de tal forma que gerou diversos problemas etc. Deus não tem nada a ver com isso, a não ser pelo fato de o próprio homem usar seu nome para dominar, alienar - o que novamente "Ele" em si ficaria isento da causa - tal como usa de diversas outros artifícios para estes fins. Aliás, seja qual o conceito de Deus que crentes ou descrentes tenham, há de se admitir que, se "Ele" existe, deva existir muito antes da fome, do homem, da Terra, de qualquer outra coisa, e também deva existir apesar delas todas. Acho muito complicado, em essência, colocar a ideia de divindade dentro da mesma esfera de uma materialidade construída ou de um comportamento humano.
       Contudo, eu acho legítimo o questionamento, porque o que tá às nossas vistas realmente é difícil de aceitar. Palavra ruim, aliás, aceitar. É doloroso de enxergar, mesmo, de conviver. Os questionamentos como esses da música acabam sendo muito pertinentes, principalmente visto que muitas pessoas acabam reproduzindo essa ideia citada acima, em que deus é um ditador perverso e tirano da conduta social. É pertinente, afinal, porque esse tipo de crença acaba gerando muito 'fundamentalismo' inclusive entre religiões ou religiosos de mesma origem. Com um quadro de religiosos desse tipo, fica fácil entender uma resposta com essa associação.
       É para esses tipos de crentes, que creem dominar a verdade a qualquer custo, e para este tipo de deus que nos criou só para nos testar, que nos criou para no fim das contas nos condenar, que nos criou para nos privar de fazer diversas coisas (que ele mesmo também criou) que o questionamento da música se coloca. Numa postagem oficial da própria banda sobre essa letra, eles explicam exatamente que este foi o intuito da letra. Um dos trechos diz assim: 
"Eu talvez seja um ateísta (próximo ali do agnosticismo) mas eu gostaria de acreditar que se há um deus, ele não nos manda para o fogo eterno do inferno porque amamos a pessoa 'errada'. Ou porque acreditamos no deus errado. Ou porque temos um prepúcio... Para milhões (provavelmente bilhões) não tenho dúvida que a religião serve como uma influência pacífica em suas vidas e isso é fantástico! Mas a partir do momento que outros são 'excomungados' por sua raça, gênero, sexualidade e até por sua própria religião - aí então já mexe comigo também".
       Enfim, essa música me chamou atenção primeiramente pela ideia que comecei falando acima, de questionar deus associando a problemas materiais, que junto do som me trouxe uma energia fudida. Mas ao ouvir e reouvir, e relendo pela enésima vez a letra, achei ainda mais daora não para tratar de um questionamento da natureza divina, mas sim do comportamento humano (ou desumano, sei lá). E isso se confirmou com a nota que a banda lançou sobre ela.