I'm picking me apart again
You all assume I'm safe here in my room
Unless I try to start again
I don't want to be the one the battles always choose
'Cause inside I realize that I'm the one confused
I don't know what's worth fighting for, or why I have to scream
I don't know why I instigate, and say what I don't mean
I don't know how I got this way, I know it's not alright
So I'm breaking the habit, I'm breaking the habit tonight!
Clutching my cure, I tightly lock the door
I try to catch my breath again
I hurt much more than any time before
I had no options left again
I don't want to be the one the battles always choose
'Cause inside I realize that I'm the one confused
I don't know what's worth fighting for, or why I have to scream
I don't know why I instigate, and say what I don't mean
I don't know how I got this way, I'll never be alright
So I'm breaking the habit, I'm breaking the habit tonight!
I'll paint it on the walls!
'Cause I'm the one that faults!
I'll never fight again,
And this is how it ends!
I don't know what's worth fighting for, or why I have to scream
But know I have some clarity to show you what I mean
I don't know how I got this way, I'll never be alright
So I'm breaking the habit, I'm breaking the habit tonight!
-
Memórias esmorecem, tal como abrir a ferida
Novamente estou me afastando
Vocês todos presumem que estou seguro aqui no meu canto
a menos que eu tente começar de novo...
Não quero ser aquele que as batalhas sempre escolhem
Porque aqui dentro, sei que sou eu quem está confuso
Eu não sei de que vale a pena lutar, ou por que tenho que gritar
Eu não sei por que eu me alicio e digo aquilo que não queria dizer
Eu não sei como eu fiquei desse jeito, eu sei que isso não está legal
Então vou vencer esse hábito, eu vou vencer esse hábito essa noite!
Insistindo em minha cura,
Tranco firmemente a porta
E tento recuperar novamente meu fôlego
Isso me dói muito mais
Do que já doeu qualquer outra vez,
E fico sem opções de novo
Não quero ser aquele que as batalhas sempre escolhem
Porque aqui dentro, sei que sou eu quem está confuso
Eu não sei de que vale a pena lutar, ou por que tenho que gritar
Eu não sei por que eu me alicio e digo aquilo que não queria dizer
Eu não sei como eu fiquei desse jeito, eu nunca vou ficar bem
Então vou vencer esse hábito, eu vou vencer esse hábito essa noite!
Pintarei isso nas paredes!
Porque sou eu quem me desmereço!
Nunca mais vou lutar
E é assim que isso vai acabar
Eu não sei de que vale a pena lutar, ou por que tenho que gritar
Mas agora eu tenho alguma clareza pra te mostrar o que queria dizer
Eu não sei como eu fiquei desse jeito, eu nunca vou ficar bem
Então vou vencer esse hábito, eu vou vencer esse hábito essa noite!
-
"I'm breaking the habit tonight!":
Entendo que essa letra (extremamente subjetiva) carrega uma dualidade em seu sentido, sobre a forma como enfrentamos os problemas e afrontamos a vida. E essa frase é o que sintetiza essa dualidade: quebrar o hábito seria tomar a energia decidida de finalmente vencê-lo de vez, ou seria o oposto, desistir de vez da vida - o hábito sendo a própria vida?
Primeiramente, acho que uma obra pode ser tanto mais rica quanto mais interpretações concretas puderem ser extraídas dela; quanto mais der pano pra manga. No caso dessa letra, acho que a discussão gira em torno dessa dualidade que disse acima, e na minha opinião ambas são muito válidas. Acho até que essa música tem também esse intuito, acho que ela foi propositalmente deixada assim mais aberta e mais geral, apesar do direcionamento que o Mike talvez tenha tido quando escreveu, o que pra mim a torna ainda mais rica e emocionante. O assunto - o "hábito" - que vai gerar a dualidade é que pode ser dos mais variados; refere-se a um geral de problemas, em nossas vidas, pesados o suficiente para gerar esse tipo de discussão psicológica que invade as entranhas das nossas mentes e dos nossos corpos. De desilusões amorosas ao sofrimento de abusos sexuais; da prisão física a um emprego à prisão psicológica das mais diversas relações abusivas; dos mais destruidores vícios, dos comportamentais aos vícios como drogas, álcool, enfim, tudo isso pode ser tomado como o disparador da reflexão.
A música tem um som de piano que é bem cíclico, que sugere um tipo de aprisionamento. Nas primeiras versões demo da música, o clima era ainda mais reforçado por um violino que se mantinha bastante tenso e totalmente constante durante a introdução, como se algemasse ainda mais esse ciclo. Os dois elementos se mantiveram na versão final da música; o toque do piano de forma intocada, já o violino foi retirado da introdução e foi modificado ao longo da música, mais voltado agora pra um gradual clímax, mesmo... A música em si vai mantendo ainda uma certa tensão no começo, que gradualmente vai se afastando pra então na última parte desaguar de vez na quebra dessa algema.
Esses elementos musicais podem ser associados à sequência do clipe, que tem um movimento que vai retrocedendo mas não como um simples botão "rewind" num filme, que temos os acontecimentos na ordem normal, e aí ao aperta-lo vamos voltando "de frente pra trás". No clipe, esse movimento parece estar na mente do eu lírico (a letra da música, por sinal, é claramente focada num duelo psicológico consigo mesmo). Minha interpretação é como se as imagens do início do clipe, o corpo caído no carro, a perdição da menina e do moço, etc. - imagens que como disse vão retrocedendo -, é como se elas fossem o fim que acarretaria o sujeito se ele não "vencesse o hábito". Conforme o desenrolar da música, e então o desenrolar da luta/conversa psicológica do sujeito consigo mesmo, e conforme ele vai "tendo a clareza do que quer", de que "deste jeito nunca vai ficar bem", o fim que ele levaria também vai se modificando; é como se ele ganhasse uma nova vida ao ser tocado por esse pensamento de mudança, por um poder de reação não-destrutiva, mas construtiva. É como se ele se deparasse com o seu fim caso as situações se mantenham. Penso nisso não só a partir da letra da música mas pelo que Mike Shinoda (quem escreveu a letra) e Chester Bennington (vocalista da banda) falam numa entrevista ao "MTV: The Ride".
Pelas palavras deles (MS- Mike Shinoda; CB- Chester Bennington):
MS: "A dependência de Chester estava... a tal ponto que a gente teve que intervir e noticia-lo que, para o bem dele e para a amizade, isso já era um verdadeiro problema. [...]
O mais difícil foi ter a moral de chegar pra ele e dizer 'Você tá se destruindo... e eu me importo... E se você não pode parar, não vai dar pra gente continuar... Porque eu não posso te obrigar a mudar, você é quem precisa entender e isso é o que eu mais quero'. [...] Foi a prova de amizade que construímos, a gente sabia que ele era como nosso irmão".
CB: "Eu era do tipo 'Eu me odeio! Odeio minha vida! Arghhh', saca?! era uma visão bem egoísta. Então foi bem complicado pra mim também. [...] A música que me atingiu diretamente no coração foi Breaking the Habit. Mike compôs a letra e me entregou em mãos; lendo e ouvindo Mike eu tipo... As lágrimas não paravam. Eu senti que aquilo era sobre a minha vida. Foi uma música muito difícil de gravar. Já dá vontade de chorar só de pensar nisso agora... Eu tinha que parar, me recompor, aí cantava mais 2 versos, começava a chorar, saía da sala, voltava, e dizia que não tinha como gravar! [...] Eu precisava de um tempo pra lidar com tudo aquilo e a banda deu muito apoio. [...] Uma das razões de que nossas músicas falam tanto com as pessoas é porque tem esse tipo de mensagem universal nelas. A gente sempre tentou tratar desses conflitos pessoais que todo mundo passa. Essa música em particular é especialmente importante pra mim".
Pelas palavras deles (MS- Mike Shinoda; CB- Chester Bennington):
MS: "A dependência de Chester estava... a tal ponto que a gente teve que intervir e noticia-lo que, para o bem dele e para a amizade, isso já era um verdadeiro problema. [...]
Mike Shinoda |
Chester Bennington |
Enfim, as escolhas sequenciais desse clipe são extremamente significativas; o fato de a "história ir voltando" tem um nexo, e o final acabar sendo com a banda tocando, quando pensamos nessa história contada acima, parece sugerir justamente "vencer o hábito". No clipe, não mostra o homem estirado do carro pulando do prédio, mas sim voltando daquele estado de morto ao estado de "tocando com a banda". Pra mim isso simboliza que o salto não é o "da quebra do hábito para a beira do suicídio" mas sim o "da beira do suicídio para a quebra do hábito". É como se os integrantes tivessem falando pra ele "tá aqui o que tá acontecendo, você tá se afundando, é assim que vai acabar caso 'o hábito' continue; você sabe que você precisa vencer isso" [e ao vencer, o fim acaba sendo aquele do clipe, com uma abertura de possibilidade, como uma retomada de estado, enfim com a vida de volta e os amigos/banda juntos].
Na própria letra, muitas são as referências que pendem para esse lado: "Não quero ser aquele que as batalhas sempre escolhem / Porque aqui dentro, sei que sou eu quem está confuso". A insistência da cura (temporária, que pode ser a recaída, o ciclo vicioso, pelo qual ele retoma o fôlego) "dói dessa vez como nunca antes", e "fica sem opções de novo": é preciso sair disso. Tal como no refrão em que "deste jeito não está nada bem, então estou 'quebrando o hábito' esta noite". O primeiro verso do refrão "Eu não sei no que vale a pena lutar, ou por que tenho que gritar" pode muito bem sugerir que não vale a pena essa luta viciosa; a forma com que afronta os problemas. Ou então pode ser a própria voz de fraqueza de si, mas que ele "dará um fim esta noite".
E eu acho muito curioso um verso no último refrão, que parece até intruso; ele me parece muito como se o próprio Mike tivesse adentrando a letra da música como se falasse esse verso diretamente ao Chester: "Mas agora eu tenho alguma clareza pra te mostrar o que queria dizer"; assumindo que a letra é uma conversa psicológica (ou seja, o interlocutor e o emissor é o próprio Chester), é como se dentro desse mesmo verso esse Chester falando com ele (por isso 'pra te mostrar', mostrar pra si mesmo) se misturasse com a vontade do Mike-compositor, que invade o verso. A própria estrutura dele é muito singular comparado ao resto da música...
A questão, voltando ao que falei lá no começo do texto, é justamente essa de que alguns podem interpretar algumas frases como pendendo para um lado suicida. Como se o "quebrar o hábito" fosse "ceder à fraqueza" (entre aspas porque acho que não dá pra chamar isso de fraqueza... Talvez a imobilidade seja, mas não o suicídio em si). Mas pra mim, considerando tudo isso que falei acima, acho que essa música é muito mais do que apresentar tendências suicidas ou obscuras; me parece uma abrupta intenção de questionamento de uma situação insustentável; um momento de percepção da necessidade de mudança; o momento de projetar a vida diante de si e se perguntar, já sabendo a resposta: é isso o que você quer?
Na própria letra, muitas são as referências que pendem para esse lado: "Não quero ser aquele que as batalhas sempre escolhem / Porque aqui dentro, sei que sou eu quem está confuso". A insistência da cura (temporária, que pode ser a recaída, o ciclo vicioso, pelo qual ele retoma o fôlego) "dói dessa vez como nunca antes", e "fica sem opções de novo": é preciso sair disso. Tal como no refrão em que "deste jeito não está nada bem, então estou 'quebrando o hábito' esta noite". O primeiro verso do refrão "Eu não sei no que vale a pena lutar, ou por que tenho que gritar" pode muito bem sugerir que não vale a pena essa luta viciosa; a forma com que afronta os problemas. Ou então pode ser a própria voz de fraqueza de si, mas que ele "dará um fim esta noite".
E eu acho muito curioso um verso no último refrão, que parece até intruso; ele me parece muito como se o próprio Mike tivesse adentrando a letra da música como se falasse esse verso diretamente ao Chester: "Mas agora eu tenho alguma clareza pra te mostrar o que queria dizer"; assumindo que a letra é uma conversa psicológica (ou seja, o interlocutor e o emissor é o próprio Chester), é como se dentro desse mesmo verso esse Chester falando com ele (por isso 'pra te mostrar', mostrar pra si mesmo) se misturasse com a vontade do Mike-compositor, que invade o verso. A própria estrutura dele é muito singular comparado ao resto da música...
A questão, voltando ao que falei lá no começo do texto, é justamente essa de que alguns podem interpretar algumas frases como pendendo para um lado suicida. Como se o "quebrar o hábito" fosse "ceder à fraqueza" (entre aspas porque acho que não dá pra chamar isso de fraqueza... Talvez a imobilidade seja, mas não o suicídio em si). Mas pra mim, considerando tudo isso que falei acima, acho que essa música é muito mais do que apresentar tendências suicidas ou obscuras; me parece uma abrupta intenção de questionamento de uma situação insustentável; um momento de percepção da necessidade de mudança; o momento de projetar a vida diante de si e se perguntar, já sabendo a resposta: é isso o que você quer?
P.S.:
Desde uns 10 anos de idade eu me deliciava com o som dessa banda. Muito do meu interesse e incentivo em aprender inglês foi pegando o encarte do meu primeiro (e um dos pouquíssimos rs) CDs originais que pude comprar, o Hybrid Theory - primeiro album da banda, e tentando traduzir palavrinha por palavrinha, as músicas, agradecimentos, tudo que era texto, o que com certeza saía tudo errado. [Na época, (como se fosse há muito tempo...) eu não sei nem se já existiam esses sites de letras de música, e ainda que existisse, fui ter acesso à internet muito depois]. O que me restou então por um bom tempo foi curtir o som sem entender nada do que diziam mesmo. Mas o legal dessa banda é que ao longo do tempo ela foi mudando radicalmente o estilo do som e das letras, mas isso ao invés de me afastar, me ligou ainda mais, pois as mudanças, a pluralização da banda, acompanharam a minha própria mudança e a minha própria pluralização (dos gostos e tal). Naturalmente quanto mais eu crescia, passei também a me interessar mais pelas letras das músicas, só que o interesse só foi vir com força mesmo lá pra quando eles já tavam no 4º álbum... O álbum que tem essa música aqui do post é o 2º (Meteora), em que a temática das letras eram muito mais obscuras e eu diria muito mais rasas, ou muito menos potentes. Eu tô falando isso tudo pra dizer como foi significativo pra mim revisitar essa letra, que parece destoante, em potência, do resto do disco... Na verdade, as letras da banda começam a ficar realmente interessantes a partir lá do 4º disco e algumas do 3º disco mesmo, quando a banda já tinha mudado o som. [Esse 4º disco aliás (A Thousand Suns) é um disco conceitual, e ouví-lo foi só porrada no estômago, musical e liricamente é de longe o meu preferido deles] Mas essa música especificamente, Breaking the Habit, apesar de ser de outros tempos, pra mim tem uma construção arrebatadora, ainda mais depois de ver a entrevista citada acima, conhecer um pouco da história sempre traz mais força pras coisas né...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito boa sua análise da letra, mas infelizmente essa canção mostra a dor e o sofrimento do Chester que culminaram em seu suicídio. Muito triste tudo isso! Doloroso! É uma grande pena Chester não ter conseguido "quebrar seu hábito". :(
ResponderExcluirSua análise e muito boa
ResponderExcluirÉ eu fiquei foi e triste tava lendo ao som de link park é principalmente breaking The habit
Quanto mais eu passo a ouvir link park e entender as letras fica cada vez mais sufocante