America, I don't see the glory of your ways
The oldest Money flows through a bloodline
We'll see if your empire stands the test of time
[pre chorus]
Don't wanna
I don't wanna
Be a slave to the sons of privilegie
[chorus]
Sweet lady liberty,
Your are lost though you are free
And what hides beneath
Can't tell the wolves from the sheep
América, grin and bare the resentment of the world
With all your ugliness and arrogant self-worth
Desperate to grease the gears of the hideous machine
The swine, they writhe and praise the infallible regime
[pre chorus + chorus]
Lost though you are free (in América)
It's time to justify your pride
-
O dia todo, América buzinando em meus ouvidos
América, eu não vejo a glória de seus sentidos
É pela linhagem sanguínea que flui o dinheiro mais velho
Veremos se ao teste do tempo resiste o seu império
Não queira
Eu não quero
Ser um escravo dos filhos do privilégio!
Senhorita liberdade,
embora livre, você está perdida
E o que está na entrelinha
Não distingue os lobos da ovelhinha
América, finge um sorriso e desnuda a mágoa do mundo
Com toda sua feiura e arrogante autovalorização
Loucos pra lubrificar as peças de sua encoberta máquina
Os porcos, eles louvam enquanto angustiam o infalível regime
Perdido, embora esteja livre (na América)
É a hora de justificar seu orgulho.
-
Essa música, na verdade, tem um mensagem um tanto clara. Tô colocando aqui mais porque gosto da construção das frases, do som, além de ela tocar num tema sempre pertinente: o preço a pagar pela manutenção desse império Estado-unidense, e os meios com que eles cresceram, cheio de exploração dos mais fracos, com a venda de ilusões materiais e ideológicas.
A primeira estrofe começa com a imagem da insistência "buzinando em meus ouvidos". O verso se refere aos EUA como terra da propaganda (enganosa). É "buzinando no ouvido", é pela operação lavagem cerebral, que é vendida a ideia do progresso norte-americano, a ideia da terra prometida, da conquista pela glória. É vendida uma imagem de nação que não condiz com a realidade, que é a do progresso pela exploração dos recursos dos outros, pelas vendas de armas, e pela exploração de seu próprio povo. Por isso "não se vê a glória nesses meios, nesses caminhos". No fim das contas, os meios da "América" não são diferentes dos meios de quem ela julga ser o inimigo, nesse "teatro do bem e do mal".
Os ricos que construíram a nação continuam transmitindo sua riqueza pela sua simples "linhagem sanguínea" (que representa a herança que a elite podre de rica deixa a si mesma), enquanto aos mais pobres vão vendendo o sonho americano: o sonho de que um dia, se você trabalhar muito, conseguirá vencer na vida, assumindo uma posição de classe mais dominante (o que significa, na verdade, uma posição de ter condições de consumir mais do que o necessário). Porém, essa é uma estratégia do regime capitalista e neoliberal: manter o sonho aceso significa manter a máquina do sistema funcionando.
É essa ideia que a outra estrofe trabalha: "finge um sorriso e desnuda a mágoa do mundo / com toda sua feiura e autovalorização / loucos pra lubrificar as peças de sua encoberta máquina". Enquanto vendem o sonho americano, com esse sorriso fingido, pois por trás dele há um sorriso feio e luxurioso, o povo mantém a esperança de um dia conseguir uma vida melhor, sendo constantemente subjugado, tratado como uma simples peça descartável dessa máquina capitalista, cujas falhas gritantes são sempre veladas.
O uso de "louvam e angustiam o infalível regime" se refere a essa relação de vangloriar um sistema que na verdade só traz profundas angústias, refletindo numa degradação das relações sociais, no 2º maior índice de depressão do mundo (além do elevado índice de suicídio), na infelicidade e pressão absurda com que aquela população vive, etc. Não à toa. Afinal, aqui vai uma máxima da sociedade capitalista: quanto mais alto o sonho, maior a desilusão.
Para terminar, só ressalto as construções do refrão e pré-refrão: "não queira (não quero) ser um escravo dos filhos do privilégio"... Os filhos do privilégio aí não são os americanos como um todo, que inclui aqueles que erguem a nação, mas somente aqueles que são erguidos. Em relação à imagem seguinte, com o jogo de palavras entre "liberdade" e "perdida" (no sentido de desorientada), apesar de ser um jogo simples de palavra, foi construído muito bem, dado todo o contexto do qual se fala. O primeiro verso do refrão ainda passa uma sensação de um tipo de "devoção sarcástica" ("Sweet lady liberty, you are lost though you are free"): devoção porque remete docemente à monumental estátua da liberdade, e sarcástica pela própria significação contraditória. Nação que se diz livre, porém perdida, sem rumo, desorientada. A orientação é seguir o capital pelo capital, o que transforma a nação numa morada perfeita para zumbis. E o que está por trás disso é que não se pode "distinguir os lobos dos cordeiros". O caçador também é a presa, quando sofre qualquer tipo de "efeito colateral do que o sistema fez".
É curioso, ao mesmo tempo que deprimente, ver como a nação mais rica do mundo, mais grandiosa, e etc., consegue manter esse status. Mas é esse o resultado quando se detém o monopólio do poder bélico e do poder midiático. É absurda a quantidade de informação velada que temos sobre a conduta dos filhos do Tio Sam, ao mesmo tempo que existe uma quantidade enorme de informação que, de forma bem embasada, denuncia e explicita todos os problemas do sistema vigente e de seus líderes maiores norte-americanos. Está tudo aí. Uma googlada, um youtube, e você pode ter acesso à explicitação de uma gama gigantesca de problemas pesadíssimos oriundos de toda essa fantasia real. Sugiro aqui que assistam aos docs do Michael Moore (Capitalismo: uma história de amor, Tiros em Columbine, Sicko...).
Na verdade, afinal, a melhor condição com que vivem lá é mais a relacionada ao poder de consumo, enquanto nos setores básicos públicos há uma grande pobreza. Se nos países como o nosso as empresas já deitam e rolam, imagine no berço do liberalismo massivo... Mas o preço baixo tem um custo muito alto: custo da vida humana. É verdade que os pobres lá possuem um poder de compra muito maior, mas é bom que não fiquem doentes, nem sejam muito interessados em estudar... Se for pra mencionar a proteção que eles recebem do Estado então no que diz respeito aos direitos trabalhistas ou de cidadania, o buraco fica ainda mais embaixo...
Mas chega de me prolongar mais ainda com isso aqui; os links dos filmes, vídeos e livros já estão aí em cima. Interessados, assistam!
Nenhum comentário:
Postar um comentário